Ian Cathro quer equipa a jogar sem medo
O treinador do Estoril Praia, Ian Cathro, fez, hoje, a antevisão ao encontro de amanhã com o FC Famalicão, no Minho.
“O que acontece na vida é que o sol vai embora e nasce outra vez. No nosso trabalho que é muito exigente, tens de ter a capacidade de analisar bem, ver a realidade, não fugir das verdades e perceber o que está a correr bem e menos bem. Acho que a parte mais impactante, para mim e para o grupo, foi sentir que talvez já tenhamos cometido este erro [estar em vantagem e não ganhar]. Talvez seja essa a barreira que vai definir até onde podemos ir. Depois de fazer essa análise, é trabalhar. É o que fazemos sempre”, começou por dizer.
Quando questionado sobre o jogo com o FC Famalicão para a Liga Portugal Betclic que terminou com a vitória dos visitantes, por 1-2, o técnico lembrou o início da eliminatória: “Se quisermos fazer uma comparação com o jogo para a Taça de Portugal com o Famalicão, claramente que não podemos sofrer golo logo no início da partida. É o ponto mais óbvio. Garantir que não passamos por esses momentos no início. Depois, repito o que disse na antevisão a esse encontro. O Famalicão é uma equipa muito bem preparada, muito sólida, estável, já está rotinado com algumas pequenas diferenças. Não acho que vamos ter um jogo com grandes surpresas dos dois lados, mas penso que será um bom jogo de futebol pela qualidade dos jogadores que vão estar em campo, pela vontade de ganhar que as duas equipas vão ter e vamos olhar para este jogo como uma oportunidade de provar que somos capazes de não ser só aquela equipa interessante que joga bem à bola. Queremos outras coisas também.”
Contudo, recusou a comparação, pois diz que “estarão jogadores diferentes em campo, dos dois lados” e que já é um momento diferente. “No fundo, quando qualquer treinador começa a preparar a análise, vê vários encontros do adversário para preparar o jogo e talvez tenhamos a vantagem de ter este último jogo para trabalhar, mas será completamente diferente”, garantiu.
Tal como é apanágio no seu discurso, foi bem claro quando disse que o Estoril Praia jogará sempre sem medo, seja qual for o adversário que terá pela frente no fim de semana: “Se olharmos para os golos marcados e sofridos, temos 22 marcados, podemos dizer que é bom e 21 sofridos, não é bom, são muitos golos. Só consigo fazer aquilo que sinto. Podíamos retirar algumas coisas do nosso jogo ofensivo para ajudar a equipa a ficar mais robusta ou com mais solidez defensiva, mas esse não é o caminho. Preferia ter marcado 30 golos e sofrido, talvez, 10. Vamos trabalhar nisso, talvez da maneira mais difícil que é tentar marcar ainda mais sabendo que isso implica muito trabalho, muito jogo ofensivo e jogar sem medo, trabalhando, ao mesmo tempo, no processo defensivo. Não vamos jogar com mais medo de perder bolas ou o que seja para ter mais proteção no momento defensivo. Vamos jogar sem medo de atacar para tentar marcar golos porque é isso que te leva a estar mais perto de ganhar. Sabendo que, do outro lado, temos trabalho para fazer. Vamos fazer esse trabalho, sem marcha atrás na nossa atitude ofensiva.”
Ian Cathro sublinhou que quer que as pessoas que têm paixão pelo Estoril Praia gostem de ver o seu clube a jogar futebol: “Obviamente que a equipa precisa de ter alguma consistência e há um equilíbrio muito importante. Posso dizer que queremos jogar como um grande, mas isso vem da atitude e do conceito do que queremos fazer aqui. Quero que as pessoas gostem de ver o Estoril Praia e que a malta que tem paixão por este clube possa gostar de ver a equipa jogar, trabalhar e sentir que haverá sempre energia em campo. Vamos sempre até ao fim e com a atitude de tentar ganhar. Para conseguir fazer isso sem ter recursos de um grande, temos de ser versáteis. Ter outras maneiras de fazer as coisas. Aí vem a parte mais difícil que é encontrar um equilíbrio entre a garantia de rotinas e uma versatilidade para garantir que em momentos que haja jogadores indisponíveis, consigamos apresentar algo que ajude a equipa em campo a mostrar essa atitude, essa capacidade de competir para ganhar. Não vale a pena fazer outra coisa. A única coisa que posso garantir a toda a gente que gosta deste clube é que, enquanto estiver aqui, nunca vamos jogar com medo. Não controlo muito mais do que isso.”
Sobre a importância de Antef Tsoungui, defesa que chegou este ano oriundo do Feyenoord, o técnico elogiou o jovem belga: “O Antef é um jogador que tem muito potencial, tecnicamente forte, com experiência em clubes diferentes. Passou por uma boa formação, tem boa leitura de jogo e temos de ter essa versatilidade para tirar o máximo de cada jogador. Por isso é que teremos jogadores com tarefas diferentes, mesmo fazendo, o que parece ser, a mesma posição, mas acabam por fazê-la de uma maneira diferente, em função das características e capacidade de cada um. Vou tentar ajudar todos ao máximo porque gosto muito deles.”
Sobre o regresso de Jordan Holsgrove ao meio-campo estorilista, referiu que todos serão necessários para tentar a vitória: “Vamos precisar de todos. Nós tivemos algumas dificuldades nas últimas semanas com muito jogadores fora e outros com limitações, sem capacidade para fazer 90 minutos o que complica muito as coisas e traz dificuldades. Temos de estar preparados para várias coisas e para a última parte do jogo. Nos últimos dois jogos, acabamos, claramente, com três centrais. Por necessidade, porque tivemos regressos de lesões e temos de olhar para os atletas e garantir que tratamos bem deles para evitar mais dificuldades na parte física. Agora temos mais jogadores preparados para começar e fazer 90 minutos, mas mesmo assim não tem a ver só com quem começa os jogos, muitas vezes, estes decidem-se no final.”
O encontro frente ao FC Famalicão está marcado para amanhã, pelas 15H30, no Estádio Municipal de Famalicão, com transmissão na Sporttv.


