Ian Cathro: “A identidade da equipa é jogar sem medo.”
O treinador do Estoril Praia, Ian Cathro, fez, esta tarde, a antevisão ao jogo com o FC Alverca, na sala de imprensa do Estádio António Coimbra da Mota.
O técnico canarinho começou por avançar que espera “um jogo com duas boas equipas”, mas “diferentes”, apesar da muita qualidade que apresentam. “No fundo, cada vez que podemos ter um bom jogo de futebol entre os “pequenos”, é sempre algo muito positivo”, sublinhou.
Para a equipa do Alverca, Ian Cathro teve palavras elogiosas e destacou a “qualidade individual que tem”.
“Tem muitas armas ofensivas e sabe muito bem o que é atacar. Mostra uma capacidade de ser competitiva em todos os momentos do jogo, independentemente do resultado, dá para ver que há espírito na equipa, o que não é nada fácil de construir com essas circunstâncias relativas à quantidade de novas chegadas ao plantel no verão. O treinador está a trabalhar muito bem, não só em termos táticos, mas também a nível pessoal, pois nota-se que há alma. Por todas essas razões, sabemos que vamos ter um jogo muito intenso que vai exigir muita concentração dos dois lados e esperamos que a qualidade e o talento dos jogadores decida no fim”, afirmou.
O treinador canarinho aproveitou a pausa natalícia para estudar alguns dados da história do clube e deixou uma reflexão, clarificando o objetivo e a mentalidade desta equipa estorilista: “O nosso objetivo é sempre tentar ganhar. Neste período, fui ver alguns dados e fiz uma reflexão: o Estoril tem 86 anos de vida e esta é só a trigésima sexta época na primeira liga. É importante perceber que é pouco. Isto implica que, em 50 anos, o clube não marcou presença na primeira divisão. Digo isso porque estamos a tentar criar algo que seja mais estável para o futuro do clube e tem de ser baseado na atitude de tentar ganhar. Como? Da melhor maneira que pudermos naquele momento. Não estou aqui para me valorizar e para mostrar que sou um treinador que joga assim e que, se fizermos alguns bons jogos, alguém pode fazer cortes de vídeo e vou para outro sítio ganhar algum dinheiro. Sinto muita responsabilidade para tentar criar uma base mais forte e estável para este clube. Identidade temos de ter sempre e se alguém olha para o nosso trabalho como grupo, no período de tempo que estamos juntos, a identidade é: sem medo. Trabalhar sem medo, jogar sem medo, tentar ganhar sem medo. A única coisa que vamos tentar fazer é sempre isto. Se é com os jogadores que mencionaste [a pergunta foi feita no âmbito de o Estoril jogar com vários elementos de cariz ofensivo], se é com quatro, três, dois... Temos de ter essa abertura porque não temos orçamento, muito menos um orçamento otimista para a realidade do meio da tabela. Temos um orçamento muito humilde, mas queremos muito mais. Não será baseado num 4-3-3, vai ser baseado na mentalidade e nessa visão de tentar ganhar sempre sem medo.”
Quando questionado sobre a pouca permeabilidade frente às equipas denominadas grandes do nosso campeonato, fazendo uma comparação com os restantes jogos, Ian Cathro explicou: “A única diferença é que, provavelmente, contra os grandes, o jogo tem mais ordem. Há menos caos e a nossa equipa está cada vez mais preparado para jogar com mais ordem. Há algo também que está muito longe de ser a minha visão, mas que sei que existe que [em certos jogos] é aí que tens de procurar os pontos. Isso cria um nível de emoção muito mais alto e nestes jogos passamos por mais momentos de caos. Não digo isso no sentido em que andamos à procura do caos, mas um jogo com menos ordem vai ter mais caos. Isto implica outro tipo de trabalho para tentar gerir esses momentos e voltar a colocar o jogo com ordem, o que não é fácil e é uma de muitas áreas em que estamos a trabalhar.”
Sobre a saída de Ricard por suspensão: “Temos de olhar para o nosso momento, os nossos jogadores, a disponibilidade, a condição física, no trabalho diário e no adversário. Daí criámos o que achamos que pode ser o melhor plano para o início deste jogo. Já falei anteriormente sobre o Antef que é um jogador que nos permite essas dinâmicas e podemos voltar a falar do facto de não termos um orçamento que permita criarmos uma certa identidade ao nível de sempre jogarmos da mesma maneira. Não faz sentido. Temos de tentar construir, o melhor possível, um plantel com uma mescla de características e a maior qualidade possível para, depois, procurar várias maneiras de competir para ganhar o jogo.”
Para a equipa, animicamente, que reflexos teve a vitória com o SC Braga, tendo sido da forma que foi? A esta questão e, para finalizar a conferência de imprensa, o técnico canarinho respondeu da seguinte forma: “Todos eles [jogadores] sabem que temos capacidade e que já mostrámos competência suficiente para ter mais pontos. Todos nós acabámos a última época com as expetativas mais altas. Já falei na parte final da última época, no verão, consegui esclarecer que não andei a tentar criticar nada ou ninguém. Foi só uma observação, pois acho que falhámos em tentar garantir não fazíamos uma primeira época pela segunda vez. Os jogadores sabem que temos uma grande oportunidade e vamos ver amanhã...”
O encontro com o FC Alverca está marcado para amanhã, 27 de dezembro, pelas 20:30 horas, no Estádio António Coimbra da Mota.


