Em jogo impróprio para cardíacos, o Estoril Praia venceu o FC Arouca, por 4-3, no Estádio António Coimbra da Mota, conseguindo recuperar de duas desvantagens e assinando o golo da vitória nos instantes finais da partida.

Numa noite fria na Amoreira, foram os lobos de Arouca que se adaptaram mais rapidamente e começaram por criar uma ocasião de perigo, aos 3’, com um cruzamento atrasado de Solà para Barbero, cujo remate foi bloqueado por Bacher. Um minuto depois, Taichi Fukui atirou, de primeira, à entrada da área para o primeiro golo do encontro que abria assim as hostilidades.

Quem chegou atrasado à Amoreira, perdeu bons momentos de futebol, pois, na jogada seguinte, a resposta do Estoril surgiu por Pedro Carvalho que rematou por cima, já com pouco ângulo, após uma magnífica abertura de Lominadze, recentemente chamado à seleção da Geórgia.

Aos 10’, Pedro Carvalho voltou a ser protagonista com uma jogada de entendimento com um dos elementos preponderantes da partida, Jordan Holsgrove, que ganhou espaço perante Solà, centrou para o coração da área onde apareceu novamente... Fukui, que fez um corte que enviou a bola para o fundo das redes, desta feita do Arouca. Estava restabelecido o empate num início de jogo elétrico.

O pendor ofensivo canarinho manteve-se, mas as oportunidades acalmaram, até que, à passagem da meia hora, sem que nada o fizesse prever, os lobos voltaram a morder com um belo golo a partir de um canto. Djhouahra rematou sem deixar a bola cair e esta dirigiu-se para a baliza de Robles, depois de ainda embater no relvado e ganhar mais efeito.

A segunda vantagem do Arouca deu confiança à equipa que começou a trocar o esférico com mais tranquilidade, mas apoiados e impulsionados pelo público, os estorilistas voltaram ao registo ofensivo com uma ponta final de primeira parte de grande nível.

Aos 41’, o capitão, João Carvalho, deu o mote com um remate em jeito, defendido, com segurança, por Nico Mantl, após excelente combinação com Yanis Begraoui.

Dois minutos depois, Kévin Boma cabeceou como mandam as regras, de cima para baixo, em resposta ao canto superiormente batido por Jordan Holsgrove e restabeleceu, mais uma vez, a igualdade.

Ainda antes de Cláudio Pereira apitar para o intervalo, Yanis Begraoui colocou a bola dentro da baliza novamente, mas estava em fora de jogo quando André Laxcimicant desviou o canto de Jordan, ao primeiro poste.

Sorriso amarelo no final da chuva de golos

À intensidade com que a primeira metade terminou, não ficou atrás o início da segunda... Logo aos 47’, o Arouca dispôs de uma grande oportunidade com Djouahra a encontrar Hyunju que, isolado, atirou a rasar o poste esquerdo de Joel Robles.

O registo era totalmente semelhante com futebol atacante de ambas as partes e foi o Estoril Praia a conseguir ser eficaz e a colocar-se em vantagem por intermédio de um golaço de Jordan Holsgrove. Corria o minuto 51 quando Antef Tsoungui lançou para Jordan que endoçou, de primeira, para Begraoui, o franco-marroquino devolveu de calcanhar para o britânico que fintou, com mestria, o experiente David Simão e colocou, em jeito, junto ao poste direito de Mantl para um golo de levantar qualquer estádio.

Os canarinhos voavam alto com belas combinações e futebol total e só não aumentaram a vantagem três minutos volvidos por manifesta falta de sorte. Holsgrove conquistou a posse de bola no meio campo ofensivo, soltou para João Carvalho que progrediu até à entrada da área, entregou a Begraoui que atirou com assertividade e o esférico encaminhou-se para a base do poste direito, ressaltando, depois em Fontán e dirigindo-se, caprichosamente, para o outro ferro, deixando todos os espetadores incrédulos.

Logo a seguir, Ferro respondeu bem ao canto de Jordan, mas Mantl opôs-se e defendeu a tentativa do central.

Seguiu-se um período mais calmo, até que, aos 68’, Peixinho desferiu um remate arqueado, após excelente trabalho de pés, que não resultou em golo porque a bola passou a escassos centímetros do poste direito.

Começava a chover com intensidade na Amoreira e, tal como a chuva, o Arouca repôs a igualdade com um golo ‘caído do céu’. Aos 74’, Djouahra bisou ao tentar um centro que não tocou em ninguém e seguiu na direção da baliza para o 3-3.

Jogo impróprio para cardíacos que viu Gozálbez a ter a reviravolta nos pés, na jogada seguinte, com um remate dentro da grande área que saiu muito perto do poste direito.

Tal como na adversidade da primeira parte, o Estoril não desistiu, voltou a carregar e a encontrar o caminho para a baliza de Mantl. Aos 80’, assistido por Tiago Parente, João Carvalho tentou em jeito e afinou a mira para uma grande defesa do alemão.

O jogo precisava de magia e imprevisibilidade e Ian Cathro promoveu a entrada de Rafik Guitane que, instantaneamente, trouxe esses ingredientes à partida colocando a cabeça em água aos defensores arouquenses.

E foi mesmo através de uma grande jogada individual do franco-argelino que o Estoril se colocou em vantagem pela última vez. Aos 87’, Rafik Guitane passou por Solà com inacreditável rapidez de finta, colocou no coração da área onde apareceu João Carvalho a encostar para o golo da vitória que fez o António Coimbra da Mota atingir a voltagem máxima num grito de triunfo que ecoou bem alto.

Ainda os adeptos estorilistas estavam a festejar quando Robles fez uma defesa determinante a um remate forte de Trezza que impediu o regresso da igualdade ao marcador.

Os canarinhos conseguiram manter a frieza nos minutos finais, foram mantendo a bola longe da sua área e asseguraram a vitória num jogo que ficará para a história pela emoção, golos, bom futebol e pelo facto de que há 74 anos que o Estoril Praia não marcava mais de três golos em jornadas seguidas na primeira divisão, corria o ano de 1951.

O próximo encontro será ante o FC Famalicão, a contar para a Taça de Portugal, no dia 22 de novembro, pelas 18 horas, no António Coimbra da Mota.

Podes ver o resumo do jogo aqui.